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PRÉDIOS COLOCAM SEGURANÇA NO LUGAR DE PORTEIRO

Dentro de uma guarita blindada e com vidros fumê, seguranças treinados, vigiados por câmeras ligadas a uma central de monitoramento, estão gradativamente substituindo os porteiros. A figura a quem se recorria para o pedido de pequenas tarefas, como consertar um chuveiro, ou com quem o morador conversava horas sobre futebol, está desaparecendo.

Segundo José Roberto Graiche Jr., diretor jurídico da AABIC (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios), cerca de 40% dos condomínios da capital terceirizaram suas portarias e se utilizam de métodos de segurança que alteraram completamente a rotina de seus moradores. Entre os novos empreendimentos imobiliários, o índice chega a 70%.

Mesmo no caso de edifícios que mantiveram a figura do porteiro, muitos passaram por treinamentos para aumentar a segurança. Agora, é proibido sair da guarita para, por exemplo, ajudar um morador a levar compras ao elevador.

Aumento do custo
De acordo com Graiche, que também administra diversos condomínios na cidade, a contratação de uma empresa de segurança aumenta em 22% o custo da folha de pagamento para o condomínio. Se for um vigilante com curso especializado reconhecido pela Polícia Federal, o custo sobe ainda mais: até 45%.

Os próprios condôminos se dispõem a pagar o preço mais alto. Além disso, eles optam por abrir mão da privacidade para contar com mais segurança na residência.

Chegar em casa deixou de ser tarefa simples. Há casos em que o porta-malas e o banco traseiro dos veículos de moradores e visitantes são vistoriados antes de entrarem na garagem. Se estiver a pé, o morador pode ter de se identificar todas as vezes que for à padaria, por exemplo.

Isso significa mostrar carteira de identidade, informar uma senha de acesso, decorar o código de acionamento do elevador, sem falar nas diversas câmeras instaladas nos corredores e áreas comuns.

Revista
Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de SP) conta que, em um dos 400 condomínios que administra, abrir o porta-malas do carro virou rotina.

Assustados com o caso de um prédio vizinho, em que o assaltante se escondeu no veículo de um morador para ter acesso ao edifício, decidiram em assembleia que esse inconveniente seria melhor que correr o risco.

Gebara, no entanto, não identifica o condomínio. "Eles não me autorizam dar informações para que os bandidos não saibam que estão prevenidos e desenvolvam outras técnicas para entrar.