Celulares, molho de chaves, sombrinhas, bolsas com adereços metálicos, acessórios de roupas, fivelas de calçados e cintos, até o metal de embalagens de remédios, podem acionar o detector da porta giratória, aí não tem jeito, é preciso colocar tudo na gôndola para poder entrar no banco. Apesar de deixar muita gente descontente, a medida está prevista na legislação, e sua aplicação é fiscalizada pela Polícia Federal.
"Se analisar como usuário, realmente há um certo desconforto, mas por outro lado você tem uma segurança maior, é isso que impede o assaltante de entrar no local, por exemplo", pondera o gerente da Orsegups, empresa especializada em segurança privada, Érico Alves Küster, sobre a atuação dos vigias, que ficam junto às portas giratórias controlando o acesso ao banco.
A presença de profissionais de segurança é uma exigência da Polícia Federal e Küster esclarece que o vigilante tem por obrigação pedir que os objetos metálicos sejam postos na gôndola ou verificar bolsas, pastas ou sacolas, no caso de o usuário não conseguir entrar no estabelecimento. Só após estes procedimentos o profissional da segurança está autorizado a permitir que o cliente entre.
"O usuário gostaria de ter acesso liberado e não quer ser abordado, mas o segurança é preparado para isso e tem suporte para lidar com as pessoas", comenta reiterando que quanto maior a dificuldade de acesso, menor é a chance de um bandido conseguir entrar, "com essa limitação, o assaltante vai procurar locais onde o acesso é mais fácil e o cliente corre um risco menor de ser vítima", considera
"Cada instituição financeira tem no mínimo dois agentes, mas os números variam de acordo com o tamanho e o movimento", fala o gerente, que alerta ainda para o risco de casas lotéricas e financiadoras, onde há grande movimentação financeira e o cliente não conta com esta proteção.
Sobre as reclamações, alega que semestralmente os postos de trabalho são visitados, para verificar os possíveis problemas existentes, "além de cumprir a legislação é uma questão de qualidade e tudo isso contribui para que melhore o atendimento lá na ponta", diz.
O coordenador regional da Orsegups, Wilson Borges Bentien, ressalta que para cada estabelecimento existe uma norma específica, e os seguranças atuam conforme as exigências do local de trabalho. Bem como a ocorrência de diferentes graus de tolerância das portas giratórias, o que permite, por exemplo, que a pessoa consiga passar com um celular na porta giratória de um banco e seja barrada em outro.
Bentien explica ainda que, nos cursos de capacitação, os seguranças passam por avaliações psicológicas, aprende técnicas de defesa, tem noções de legislação, assim como manuseio de armas, prática de tiro e treinamento em portas giratórias.
Barrada na porta, cliente reclama
Uma funcionária pública, que preferiu não ser identificada, passou por um constrangimento em uma agência do centro de Lages. Na segunda-feira, foi retirar o pagamento do banco, mas depois de quatro tentativas sem sucesso, acabou desistindo de entrar no estabelecimento e passou seu cartão ao marido, para que este fizesse o saque para ela.
"Meu marido entrou e eu tentei passar logo em seguida, a porta travou, retirei alguns objetos, tentei outras três vezes e nada, aí o segurança simplesmente disse que eu não podia entrar. Tentei explicar que o problema estava na minha bolsa, que tem uma etiqueta metálica, então ele me disse que iria chamar o gerente, mas acabei desistindo", explica a cliente que posteriormente entrou em contato com a ouvidoria do banco e com o Procon, para reclamar do atendimento.
"A gente se sente mal, é um dano moral, no banco a porta já sai na calçada e é muito constrangedor pois chama a atenção de quem passa na rua", comenta. Ela acredita que como pretendia acessar o Caixa Eletrônico, sua entrada deveria ser facilitada, "em alguns locais a exigência é muito além do necessário, o Caixa Eletrônico deveria ser mais livre", opina.
Sua maior indignação é quanto ao tratamento recebido do vigia, "entendo que estão fazendo o seu trabalho, mas deveriam ser mais delicados, principalmente com as mulheres, que usam vários adereços", completa.