O terceiro caso de violência no ano dentro da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), registrado anteontem, expõe mais uma vez a fragilidade da segurança em um dos principais redutos estudantis e de pesquisa do Estado de São Paulo. A pró-reitoria de Desenvolvimento da universidade tem um projeto pronto desde o ano passado, que prevê a instalação de cancelas eletrônicas e de câmeras de segurança nas ruas, mas até agora nada foi feito.
Dois dos crimes de maior gravidade no campus neste ano ocorreram na última semana. Anteontem, cinco homens armados com pistolas semiautomáticas renderam o vigia do Instituto de Biologia (IB) e assaltaram o caixa eletrônico. Na semana passada, duas mulheres foram vítimas de um sequestro-relâmpago por volta do meio-dia. Os bandidos levaram o carro de uma delas e vários pertences e deixaram as duas no bairro Betel, em Paulínia.
Em janeiro, um aposentado foi atropelado ao tentar evitar o furto do veículo dele no estacionamento do Hospital de Clínicas (HC). Esse foi o único caso que terminou com a prisão do criminoso. Os outros dois seguem sob investigação.
Devido às ocorrências, a sensação de insegurança é comum. O aluno do curso de física João Marcos Accetturi, de 22 anos, já teve um carro roubado em junho do ano passado. “Era um carro velho. Dizem que esses são os mais visados aqui”, afirmou. Atualmente, ele usa um carro que era da mãe com medo.
O estudante de doutorado em matemática Marcos Vinícius Pereira, de 24 anos, disse que um amigo dele teve o carro arrombado. “Queriam levar o rádio”, afirmou. Apesar disso, Pereira afirmou acreditar ser desnecessária a instalação de cancelas eletrônicas, já que hoje é entregue um cartão a todos que entram no campus de carro. “A questão das câmeras é complicada, porque diminui a privacidade das pessoas, mas poderia inibir a ação dos bandidos.”
No ano passado, vários outros casos de violência também assustaram a comunidade acadêmica e os funcionários da universidade. Houve roubos de caixas eletrônicos, roubos e furtos de veículos e até um arrastão com o arrombamento de dez carros.
Em março do ano passado, o pró-reitor de Desenvolvimento da universidade, Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, afirmou ao Correio que a Unicamp iria investir R$ 5 milhões em 2009 para instalar cancelas eletrônicas nas guaritas e 240 câmeras de vídeo nas áreas externas. Até agora, nem as cancelas nem as câmeras foram instaladas. Ele não foi encontrado para falar do assunto.
Atualmente, a segurança é composta por 344 vigilantes, entre servidores e terceirizados. Eles fazem rondas de carro, moto e bicicleta, além de ficarem em 129 postos fixos.
As rondas são feitas, de acordo com a reitoria, com o auxílio de 11 motos e 11 carros. Nas portarias, motoristas de carros recebem cartões de identificação, mas motociclistas e ônibus passam direto.
De acordo com o delegado titular do 7 Distrito Policial (DP), Tadeu Aparecido Brito de Almeida, no caso do roubo do caixa eletrônico há a possibilidade de atuação de uma quadrilha organizada. Sobre as ocorrências, Almeida disse que os casos na Unicamp estão abaixo da média de Barão Geraldo e Campinas. “A Unicamp é segura e a criminalidade é mínima”, diz o delegado.
SAIBA MAIS
Para aperfeiçoar o projeto de segurança da reitoria, o delegado titular do 7 DP, Tadeu Aparecido Brito de Almeida, sugeriu ao pró-reitor de Desenvolvimento da Unicamp, Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, que avalie a possibilidade de um convênio com a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), para instalação de um sistema que possibilite a identificação online de placas de veículos e de pessoas suspeitas. “Fica barato e ajudaria a evitar que bandidos entrem no campus para furtar carros e para abandonar frutos de roubos”, afirmou o delegado.
O NÚMERO
35 MIL
Veículos e 50 mil pessoas circulam diariamente pela Unicamp em Campinas